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Corpos das vítimas do submarino Titan viraram fragmentos e alimentarão a fauna marinha, avaliam especialistas

Durante uma expedição em direção aos destroços do Titanic, o submarino Titan sofreu uma implosão no Oceano Atlântico. Especialistas consultados pelo g1 afirmam que a implosão resultou no esmagamento e fragmentação dos corpos das cinco vítimas. Devido a essa situação, os restos mortais foram divididos em partes extremamente pequenas, tornando sua localização altamente improvável.

Essa dificuldade em encontrar os restos mortais ocorre por dois principais motivos. O primeiro é a imensa pressão exercida pela água a uma profundidade de 4 mil metros. Além disso, a existência de uma fauna marinha faminta por alimentos, como tubarões, peixes-bruxa e vermes-zumbis, também contribui para a rápida decomposição dos corpos e dispersão dos restos mortais.

A pressão extrema resultante no colapso dos passageiros, a medida que a profundidade no mar aumenta, a pressão exercida pela água também aumenta. Até mesmo em mergulhos de apenas dois ou três metros, podemos sentir a pressão nos ouvidos. Agora, imagine estar a 4 mil metros de profundidade, como era o caso do submarino. Infelizmente, devido a um defeito no casco, o veículo não suportou a pressão e implodiu.

De acordo com Thomas Gabriel Clarke, do Laboratório de Metalurgia Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), esse evento é extremamente devastador.

Uma comparação que ilustra a intensidade da implosão (ocorrida em questão de segundos) é a seguinte: a pressão exercida pela água era equivalente à de um elefante pisando em um pedaço de papel de 25 centímetros quadrados.

“Tudo aconteceu em uma velocidade impressionante, as vítimas nem tiveram tempo de reagir. É como se toneladas de pressão se comprimissem contra seus corpos em todas as direções.”

O pesquisador Carlos Daher Padovezi, afiliado ao Laboratório de Infraestrutura em Energia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), relata que as paredes do submarino esmagaram os passageiros.

“Dos corpos, restaram apenas ‘micropedaços’, fragmentos minúsculos”, afirma Daher. Essa forma de morte difere do afogamento, em que ocorre asfixia após alguns minutos. “A uma profundidade como essa, a implosão atua como um impacto violento, causando traumas nos corpos. Eles se transformam instantaneamente em destroços”, explica Arthur Segurado, coordenador da equipe de anestesia do Hospital Sírio-Libanês (SP).

A fauna marinha possui uma grande necessidade de alimento

É provável que os resíduos restantes sejam consumidos por peixes, tubarões, crustáceos e vermes (veja mais informações abaixo). A uma profundidade de 4 mil metros no oceano, esses seres vivos geralmente enfrentam dificuldades para se alimentar.

“Isso se deve à biologia das águas profundas. Longe da superfície, onde a luz necessária para a fotossíntese não alcança, os organismos enfrentam escassez de alimento. O que cai nessas regiões é rapidamente consumido”, explica Paulo Yukio Gomes Sumida, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP).

“É esperado que as partes moles se decomponham em poucas semanas, enquanto os ossos, devido à sua matriz rica em cálcio, levam mais tempo para serem decompostos pelos organismos – possivelmente um ou dois anos”, estima o especialista.

Ao longo do curso da evolução, as espécies que habitam as profundezas oceânicas tiveram que se adaptar para aproveitar qualquer fonte de alimento disponível. Em ambientes carentes de luz, essas espécies geralmente desenvolvem um olfato mais aguçado para localizar sua “comida”, afirma Sumida.

Aqui estão alguns exemplos de organismos que consomem esse tipo de material orgânico a mais de 4 mil metros de profundidade:

Um anelídeo relacionado à minhoca, conhecido como verme-zumbi, é especializado em consumir ossos de peixes, baleias e golfinhos. Esse nome é atribuído porque ele habita entre os cadáveres e possui a capacidade de destruir a matriz óssea para se alimentar do colágeno e da gordura.

O peixe-bruxa é considerado um “oportunista”, alimentando-se de restos de outros organismos, como peixes e cetáceos. Sumida destaca que eles são abundantes e chegam rapidamente às carcaças.

Tubarões, como o albafar e o da Groenlândia, também se alimentam dessas carcaças. Essas espécies podem atingir um peso de 600 kg.

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